Nunca fui pessoa de dar grande importância aos dias temáticos do calendário.
Sempre me enervou o agendamento do afecto e a necessidade de comercialização de tudo, a troco de pouca criatividade. Tem sido, por isso, com estranheza que vivo de forma efervescente e algo pirosa estes últimos quatro anos de dia da Mãe.
Nunca fui pessoa de simpatizar com criancinhas e as suas mafarricas birras e ranhos até ao pescoço e manias de não-como-os-bróculos-nem-o-peixe-e-muito-menos-a-sopa-agora-vai-buscar-GOMAS-e-baza.
Aliás, até há quatro anos e tal, tinha conseguido esquivar-me de mudar fraldas, tomar conta, preparar uma refeição ou dar colo a um bebé que fosse.
Desde então descobri que ter filhos significa passar a amar tudo o que é pequenino e indefeso, por mais que esperneiem e entoem todos os palavrões cabeludos que conhecem. (Para mim só lhes dá ainda mais graça...)
Nunca fui pessoa de pessoas.
Sempre me dediquei mais aos animais. E à comida. A 6 horas de sono sem interrupções.
E, de repente, dou por mim a vestir diariamente uma personagem da Marvel, que combate o mal depois de meia hora de descanso, ri com mais esperança, trabalha com mais convicção, faz bolos sem açucar e com legumes e que, misteriosamente, ficam (quase!...) sempre saborosos.
Em bom rigor, nunca fui pessoa antes de ser mãe.
A tua mãe, Ema.
Minha princesa nervosa e morenita.
Parte de mim mais bonita, sensível e inteligente.
Com o melhor sentido de humor e talento para o dramatismo.
Companheira das minhas ideias mais criativas.
Mãozinha fria que se levanta durante a noite para eu ir deitar novamente.
E a tua mãe, Fausto.
Meu principezinho loiro e comilão.
Parte mais romântica do meu dia, e abraço mais apertado da vida.
Favinho de mel doce, solidário e atento.
Dançarino e poeta.
Amigo dos animais e da Natureza.
Mãozinha quente que não me larga até adormecer.
E como agora me sinto mais gente, é bom (e esperançoso) este regresso à escrita.
Há ainda tanto para fazer, e tanto por dizer...